História da Coreia 3 - Parte 3
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História da Coreia 3 - Parte 3

Atualizado: 5 de jan. de 2022

Bem, vamos então finalizar essa terceira parte onde vamos falar um pouquinho sobre Koryo se submetendo aos chineses da dinastia Yuan e as invasões chinesas ao Japão.


Os mongóis então se estabelecem, encontram um vassalo submetido. Os mongóis derrotam os chineses e tomam Império chinês fundando uma nova dinastia, a dinastia Yuan e na época um dos regentes mongóis que tomam a China vai ser o Kublai Khan. E ele começa então a cimentar as relações com Koryo de maneira, claro, da vassalagem inclusive o príncipe de Koryo vai à capital mongol e aceita todas as condições propostas pelos mongóis de manter a monarquia no poder submetido e assim retiram-se as forças mongóis da península coreana. Isso em troca da restrita lealdade política militar, firmado esse tratado de paz os militares coreanos então começam a se estabelecer no poder novamente. A antiga capital de Koryo vai sair novamente da ilha e assim então se encerram os conflitos com os mongóis. Kublai Khan tinha também um outro plano, ele tinha recebido uma forte educação chinesa e ascende ao trono em 1271, e em 1274 ele começa então a pedir o envolvimento de coreanos para organizar uma grande expedição naval contra o arquipélago japonês. Em 1274 muitos coreanos atendem a isso como uma submissão, muitos não concordam mas enfim... É a primeira invasão em 1274 das ilhas japonesas dá terrivelmente errado porque um tufão quase que aniquila boa parte da frota naval e isso depois vai servir para fortalecer as narrativas da unicidade do reino japonês de que os ventos divinos kamikazes vieram e arrasaram as embarcações dos mongóis, nesse esteio, vão muitos coreanos que estavam lá.


Kublai Khan
Kublai Khan

Alguns anos depois em 1281, Kublai Khan manda uma expedição maior ainda, combinados com as forças enviadas de Koryo e volta-se novamente para o arquipélago japonês. Conta-se que foram mobilizados em torno de 15 mil homens mongóis na segunda tentativa e 8 mil coreanos além de 300 navios de grande porte e mais de 500 menores. Novamente as forças natureza favorecem a os japoneses com tufões, ventos fortes que vão ter um efeito sobre os mongóis, também uma epidemia vai dificultar o desembarque das forças mongóis. Entende-se que sob a dominação dos yuans, Koryo tinha uma vassalagem pesada nesse termo militar, existia também questões tributárias, tinha uma cota de prata, ouro, ginseng, ervas medicinais, produtos artesanais e até mesmo mulheres entravam nessa cota exigida pela corte mongol chinesa, mesmo porque é um costume aristocrático mongol de ter poligamia.


No reino de Koryo houve a ascensão de todos aqueles a ligados ou aliados aos mongóis, eles acendem como uma elite até meio estranha com relação ao restante dos coreanos, é claro que aqueles que tinham ligação por casamentos com os mongóis também ascendiam na sociedade de Koryo do século XIII. Os grandes latifúndios começam a ir para as grandes famílias mongóis ou de aliados, privilégios fiscais também eram dados a eles e tudo isso começa a fermentar uma ideia de um sentimento nacionalista anti-mongol na sociedade coreana no final do século XIII, é importante reter essa informação. Na economia e no comércio a Coreia floresce nesse período, a dominação política-militar está dada mas com o estabelecimento dos mongóis uma ordem trans-asiática vai vir do extremo leste asiático até Ásia central e atingir as terras muçulmanas no Oriente médio ou seja, rota da seda como vulgarmente se refere. Há o florescimento do comércio, da troca de produtos para troca de ideias, de pessoas que ascendem nessa nova ordem a mongólica desse período. Vias de acesso aos mares e os postos de mercados muçulmanos vão ativar uma tremenda demanda desses produtos chineses coreanos e japoneses, por exemplo, vindos do ocidente da região das terras muçulmanas o algodão se espalha na China no século XIII e também chega na Coreia nesse mesmo período. Isso vai provocar uma série de mudanças na produção textil coreana que antes prevaleciam os tecidos de seda e cânhamo. Os yuans também tinham adquirido conhecimento da pólvora que foram, embora inventado pelos chineses, largamente usados pelos mongóis na época e isso também passa para os coreanos, os coreanos já tinham conhecimento muito avançado da metalurgia, e eles produzem excelentes canhões no século XIV e esse novo armamento vai ser crucial depois para os coreanos repelirem os ataques até de piratas japoneses.



Novos produtos e técnicas agrícolas começam a se espalhar pela Coreia nesse período, outros meios mais eficientes do cultivo de arroz, aprende-se da China da dinastia Yuan. Há um aumento populacional considerável na Coreia a partir do século XIV, uma queda na taxa de mortalidade infantil talvez pelos novos conhecimentos medicinais das plantas que eles aprenderam com os chineses. Um incremento no número de publicações sobre estudos medicinais vai ser muito corrente entre a elite letrada coreana e também repercussões no mundo espiritual, o budismo que era muito ligado a questões da decadência do passado coreano vai ser cada vez mais ignorado por uma nova elite coreana que começa a valorizar novamente os estudos confucianos. Então há novamente um fortalecimento confucionismo em detrimento do budismo que estava associado ao passado decadente da região coreana. Essa retomada confucionista vai ser muito baseada nos escritos de um estudioso chinês da dinastia Song do século XII que vai ser essa espécie de Neo-confucionismo que vai alimentar outras obras e outras escolas de pensamento uma delas da Coreia vai se dar por exemplo com eruditos como An Hyang e Yi Chehyon. (retratados acima)


Considerações finais


Então o que temos a considerar é, primeiro o que vimos nesta parte 3 da série “História da Coreia” (1, 2 e 3) na verdade é a ascensão de uma nova conjugação de poderes. Silla cai no século IX, uma série de tensões sociais e políticas no poder. Há também mudanças na conjugação de poderes hegemônicos na região do leste asiático, a queda da dinastia Tang, a ascensão e queda da dinastia Song, a ascenção dos mongóis na dinastia Yuan. A ascensão de Koryo a partir do século décimo vai atravessar esse período até o final do século XIII, vai ser a característica hegemônica mais notável na península coreana. Inicialmente ela tinha se mantido soberana, haverá depois tensões entre budistas e confucionistas, eventualmente militares chegam poder e vão governar efetivamente o reino de Koryo até eles se defrontarem primeiro com rebeliões populares internas, e depois com a invasão dos mongóis eles se tornam então vassalos dos mongóis da dinastia Yuan. E nisso eles se inserem numa nova ordem mongólica que prevalece em todo o leste do continente asiático. Nota-se que também o sonho de Kublai Khan de estender sua dominação sobre arquipélago japonês envolve a participação massiva dos coreanos, e são derrotados em duas tentativas frustradas, isso vai criar o mito da invencibilidade divina dos japoneses, e nesse esteio de uma dominação mongólica maior, vai começar uma ordem maior que vai florescer o comércio, a economia e as ideias pelas regiões trans-asiáticas no século XIII, de novos valores, novos costumes, novos produtos inclusive vindos também da Coreia para o mundo e vindos de outras regiões para o continente coreano. E no campo das ideias inclusive, finalmente consideramos uma revitalização do pensamento confuciano que vai ser adotado pelos principais intelectuais pensadores coreanos da época.

Na próxima a postagem da série então veremos como que vai se dar o estabelecimento de uma nova ordem coreana após os mongóis, que vai ser muito alinhada à questões confucionistas de uma nova dinastia chinesa que vai ser dos Mings.


Espero que estejam gostando e acompanhando até o próximo post!

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