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História da Coreia 3 - Parte 2

Atualizado: 6 de jun.


Hoje continuaremos a terceira parte da série “História da Coreia”, se você ainda não está acompanhando a série, recomento que leia as postagens anteriores para melhor entendimento. Deixarei os links das outras partes ao final dessa postagem.



No aspecto religioso o budismo floresce e ganha endosso do estado. O budismo se faz muito presente no privilégio das instituições no sacerdócio, isto é, muitas famílias mandam os seus filhos para estudar em mosteiros. Os mosteiros como instituições religiosas, eles têm inclusive isenção a taxação de impostos de terras que o estado de Koryo promove. Os monges eram geralmente os administradores dos templos e mosteiros e esses acabam sendo quase as instituições de ensino, tirando aquelas de cunho confucionista para dar acesso aos altos cargos administrativos. No entanto, o budismo tem seitas ou ramos como o Mahayana que é o que prevalece e posteriormente com o andar da história algumas redes mais ligadas a questões escatológicas de um mundo do além que deveria prevalecer a equidade universal de todos diante de outra mais ligada a ordem política oligárquica da Coreia se rebelam.



Também nesse tempo, até como sinal de devoção ao budismo, vão ser compiladas a imensa coleção dos ensinamentos de Buda no século XI que será o triptaka coreano que, na verdade, é uma das maiores coleções do mundo com mais de 80 mil taboas, ela se perde com os embates com os mongóis e depois é feita uma nova versão dela que se encontra no museu da Coreia e é um dos monumentos literários da memória do povo coreano, extraordinário até hoje. A corte de Koryo vai mantendo as bases das escolas budistas, a principal delas que enfatiza a meditação será promovida isso depois ganhará outros ares e expandirá mais para o leste, para o Japão, outro fator de influência do budismo será a geomancia, por exemplo, a capital ocidental que hoje seria Pyongyang foi toda ordenada segundo os preceitos do budismo e tinha uma correta distância entre as montanhas e as águas e era recomendado a permanência do rei e da corte por 100 dias por ano ali para dar boa sorte, isso atrai não somente a corte como também os familiares dos aliados a nobreza, viajantes e peregrinos coreanos ao longo do tempo. Pyongyang floresce nesse tempo, isso contrapõe aquelas cidades que não tiveram endosso da geomancia budista mais ao sul, isso gera inclusive alguma tensão entre aqueles que se sentiram abandonados, marginalizados dentro dessa elite budista, que estava ligada aos preceitos reais, isso foi inclusive até foco de rebeliões.


No século XII, você tem já algumas rebeliões dos coreanos mais meridionais contra a corte de Koryo, os Khitans vindos de Liao também a fustigam com os Jurchens a região norte da península coreana. Em 1126 um grupo ligado aos Jurchens, começa de dentro da corte de Koryo liderados pelo sogro do rei na época, ele tenta dar um golpe palaciano, mas ele é reprimido. Koryo tentará retomar as rédeas do poder nesse período bastante turbulento, muito ligado pelas ideias budistas de um monge chamado Myo Chong que definiu uma ampla reforma política baseada no budismo e considerava turbulência dos tempos como a excessiva influência do confucionismo no estado, veja a tenção entre o budismo e o confucionismo no reino de Koryo, os seguidores de Myo Chong vão enfrentar os Jurchens no norte. Os Jurchens inclusive chegam nas proximidades do que hoje é a capital Pyongyang e tudo isso mostrará um período de turbulência e tendências de tentar revitalizar o reino de Koryo. O rei, por exemplo, ele passa a endossar todas as sugestões do monge Myo Chong, ele permanece como o preceito do budismo em Pyongyang por 120 dias, inclusive manda construir o palácio real segundo as profecias de geomânticas do monge. Mas naturalmente isso vai se desgastar, por exemplo, o excessivo favorecimento do budismo produzirá uma reação da aristocracia letrada baseada no confucionismo, então um desses letrados nos preceitos do confucionismo era Kim Busik que liderará essas inquietações, denunciará essas ideias budistas de geomancia como ilusórias e oportunistas, e vendo-se se incapaz, portanto de fazer frente até ao monge budista o Myo Chong, ele então proclama um novo reino pretensiosamente chamado de o grande Império Yi. Kim Busik tenta liderar rebeliões contra o monge budista e finalmente ele comandará as forças de Koryo e suprimirá as rebeliões em 1136 e permanecerá como o mais influente membro do conselho de altos ministros de Koryo até 1142.


Então o que aconteceu, na verdade, a elite confucionista com apoio militar reprimiu os anseios populares liderados pelo monge budista. Em meados do século XII, Kim Busik talvez tentando criar uma nova legitimidade histórica, manda compilar outra narrativa do seu reinado que será conhecida como o Sanguk Sagi buscando então as origens de Koryo a arremeter desde o venerável reino de Joseon e Silla nos seus tempos áureos. O Sangunk Sagi então surge em 1145 como a primeira grande obra da história coreana, claro isso gera uma série de ações além dos budistas, haverá um corpo militar descontente com isso, os militares estão combatendo os Khitans, eles não se sentem plenamente promovidos e reconhecidos, além disso, um funcionário civil nomeado confucionista deveria supervisionar os militares visando assim garantir um estado mais pacifista e diplomático, mas isso gera uma tensão cada vez mais insuportável na sociedade coreana da época.



Um agravamento das invasões nas fronteiras, a crise dinástica chinesa no século XII, os efeitos são cada vez mais nocivos e duradouros sobre o reino coreano. A classe em Koryo sente cada vez mais marginalizada e eles se revoltam de maneira organizada então 1170, esses vários oficiais militares organizam um golpe de estado e inaugura-se um período de regime militar sobre o reino de Koryo, e claro, isso estará num contexto de várias rebeliões e revoltas camponesas populares, uma delas inclusive será de escravos em 1198 que praticamente toma a capital, e depois essa estabilidade faz surgir uma liderança militar, de cunho militar, que será um general da família dos Choe. Essa junta militar assumirá a autoridade coreana, tentará manter as tradições e ligações aristocráticas, alguns membros letrados confucianos e monges se refugiam no interior, o que é muito interessante porque eles começam a inaugurar uma tradição de se retirar da vida mundana e buscar abrigos no meio interiorano, buscar uma ordem cósmica natural e desenvolvimento espiritual.



Na virada do século XIII novas a constelações de forças começam a surgir nas fronteiras do reino de Koryo, e esses vão ser ainda mais devastadores vindos das estepes asiáticas, nas primeiras décadas do século XIII vem a grande nação, um conjunto de nações organizadas na liderança de Gêngis Khan. E Gêngis Khan, os mongóis, vão para cima e derrotam os Jurschens na região de Liaodong. Em 1219 os mongóis chegam inclusive a propor uma aliança com o reino de Koryo para lutarem contra os Khitans, e nesse período aumentam as tensões entre os coreanos e os mongóis, mesmo porque um porta-voz enviado de Gêngis Khan para cobrar tributos foi morto pelos coreanos. Em 1231 os mongóis invadem o reino de Koryo que, derrotado, teve então que reconhecer soberania mongol e Koryo vira um vassalo dos mongóis a partir de então. A dominação mongol durará então praticamente 40 anos, de 1231 até 1270. A primeira reação dos coreanos foi tentar proteger o que tinham para não sofrer a ira dos mongóis, primeiro uma das coisas que eles perderam foi o triptaka coreano que depois fizeram uma nova versão, segundo eles tentaram mudar a capital que havia sido ocupada no Norte e mudaram-se para uma ilha, porque eles achavam que os mongóis não tinham um poderio naval expressivo, mas eles se enganaram. Primeiro porque a corte se isolou na ilha, deixando então a península coreana praticamente aberta aos mongóis.




Outra coisa a ser notada é também a necessidade de uma nova impressão do triptaka coreano, monumento a literatura e dos ensinamentos budistas entre os coreanos, e depois que eles foram pedidos contra a ira dos mongóis, eles começam então a elaborar a confecção de placas metálicas para servir de imprensa para depois poder ter a confecção das páginas do triptaka. Então, na verdade, os coreanos quase que antecedem o invento da prensa que Guttenberg proporá na Europa dois séculos depois.


A história da Coreia é imensa e realmente está bem difícil escolher o que citar e o que deixar de fora. Enquanto faço esta postagem percebo o quanto está ficando longa, então optarei por dividi-la mais uma vez e dar continuidade a esta postagem numa terceira parte. Espero que estejam gostando e acompanhando até o próximo post!


Acompanhe a série “História da Coreia”:


parte 3 - 3 *em breve

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