Introdução a História da Coréia
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Introdução a História da Coréia

Atualizado: 26 de jun. de 2021

Esse é o início da nossa jornada através da História da Coréia, eu vou apresentar a vocês uma breve introdução da formação histórica da península coreana, e eu vou organizar essas postagens aqui no blog. Ainda não sei quantas postagens serão, mas eu vou com o tempo elaborando e sempre irei informando vocês aqui. Enfim, darei uma perspectiva maior, um panorama histórico com ênfase nos acontecimentos políticos, sociais, econômicos e primordialmente político-históricos. Vou apresentar o máximo que eu puder de gráficos e imagens. Então vamos lá!


Como introdução desse período histórico coreano, vamos remeter primeiro a sua formação histórica, e a sua formação histórica envolve povos e migrações, extensão asiática ela está inserida na sua extremidade com povos que vieram dos steps asiáticos que migraram e trouxeram seus valores, sua cultura e seu meio de caça e de coleta. Isso tudo vai permear a história coreana.



Antes de tudo temos que imaginar o seguinte: como se situa à Geografia da península coreana? A península coreana na verdade, se encontra mais ou menos em torno da latitude 38 Norte, a sua parte Sul é o pequeno estreito da Coreia a separa das ilhas mais meridionais do arquipélago japonês, e ao norte, principalmente o Rio Yalu, a separa da região nordeste da China que muitas vezes vou me referir como a Manchúria. Essa a parte é a espinha dorsal, você tem uma cordillera de montanhas na península e, temos de um lado o Japão no estreito da Coreia para a ilha Kyusho, uma das principais ilhas do Japão, localizada no extremo sudoeste do país. E do outro lado o Mar Amarelo virado para o Oeste próximo a península de Shandong. E a península que vai dar bastante trabalho e proximidade que é a península de Liaodong, e também a proximidade do norte da China onde ela vai estabelecer por séculos o seu centro político imperial na região de Pequim.

Isso tudo vai situar geograficamente e historicamente a península, vai haver para aí a influência da proximidade com a China e também a sua proximidade com o arquipélago japonês, é interessante notarmos isso para aprendermos depois como que os eventos vão se desenrolar na sua história. Então a antes de tudo, temos que entender que a Coreia é um todo o próprio e singular. Ela criou novas idéias, novos conceitos, os coreanos vão atravessar os séculos, e os desafios e confrontos nas suas fronteiras vão incorporar valores que boa parte deles são chineses vindos de confucianos depois até do budismo, que entra cedo e estabelece determinados reinos da península coreana, e que até vão revisar e adaptar esses pensamentos, então não é uma assimilação acrítica. Ela readapta, interpreta essas influências e no final das contas, já lá no século XX vai produzir um desenvolvimento notável como hoje temos por exemplo a Coreia do Sul, uma das economias mais vibrantes do mundo e a Coreia do Norte, portanto ao norte do paralelo 38, que é uma das economias e regimes mais fechados e unipartidários de regime de inspiração Stalinista, perpetuando-se na família dos Kim.

(Nas fotos: Mapa do mostrando o Rio Yalu em azul, vista de cima da Ilha Kyusho e o por do sol no rio Yalo)


Ao longo dos séculos vários grupos vão compor a península coreana, vão moldar sua cultura, sua identidade e isso vai incluir manchurianos, japoneses, chineses, e comerciantes vindos de várias partes do leste e sudeste da Ásia. E isso vai então se consolidar em composições políticas, determinados clãs, pequenos reinos ou até mesmo já pretensões imperiais quando se estende além da península coreana. Uma dessas dinastias, acho que talvez a mais recente e duradoura, vai ser a partir das invasões dos mongóis do século XIII.

Claro, depois do século XIX haverá uma agressão imperialista e durante a dinastia Choson a Coréia se fecha, primeiro por desavenças com relação a dinastia Qing que acende a China no século XVII, e também com o fechamento dos portos nas fronteiras japonesas a partir do século XVII.



No século XIX ela sofre essas agressões imperialistas, a China tenta fazer com que ela seja tributária seu do seu Império do Meio e os japoneses eventualmente chegam e ocupam com tratado de câmbio no final do século XIX e em 1910 a Coreia torna-se protetorado japonês. E a última grande tragédia claro, foi a Guerra da Coreia em 1950-1953 que a fraturou em duas partes. Então, a Coreia em termos geográficos nós vimos brevemente: ela é rodeada por mares pelos seus três lados, e nos seus três lados ela projeta-se, então ela tem uma tendência a se voltar para os mares, tirando a parte norte, isso vai dar abertura para a entrada de estrangeiros e também de ideias, e é também por esses caminhos marítimos que houve o fluxo migratório, trocas culturais e comerciais muito mais vindos do Oeste para a península coreana do que do arquipélago japonês embora tenha também alguma influência.


Ilustração da Guerra de Imjin
Ilustração da Gerra de Imjin

Na verdade muito da história coreana vem da imigração de coreanos para as regiões meridionais do arquipélago japonês. A ascensão de dinastias que vão ter relações com outras dinastias como por exemplo a aliança que foi firmada em 660 com o Reino de Silla e com dinastia Tang dos chineses, que até houve a tentativa por exemplo dos japoneses em 1590 de tentar invadir, com a guerra chamada Imjin, e tentar tomar toda a península coreana. E em 1905 você teve guerra na península entre japoneses e russos tentado assegurar sua dominação na região de Liaodong e a região da Manchúria e em 1950-1953 com a invasão das tropas norte-americanas ou das Nações Unidas tentando pôr fim a existência do regime comunista do norte da península. É uma região de migrações, confrontos, trocas... e é pelos mares dessa região que tudo se estabelece. É uma região dinâmica, não é uma região isolada ela tenta até algumas vezes até se isolar mas é muito complicado, e teve essa projeção desses coreanos para fora, além das ilhas meridionais já se tinha estudiosos coreanos que iam estudar nas cortes chinesas, viravam funcionários educados nas academias confucianas enfim...




Agora em termos físicos a península coreana é marcada por uma cadeia de montanhas, perceba no mapa acima que é quase como uma espinha dorsal muito mais prevalecente do norte até chegar na região do Rio Yalu e ao norte dela tudo um pouco mais plano, mas é uma espinha dorsal do então marca praticamente 70% da península. As terras baixas prevalecem na região mais ocidental onde tem suas suas principais cidades ao longo dos rios mais navegáveis como o Rio Han por exemplo, a cadeia corta de norte ao sul essa chamada cordillera de Baekdu que na verdade tem origem de uma montanha onde de acordo com os mitos coreanos, se originou o fundador todos os coreanos chamado “Dangun” que veremos nos próximos posts.



Os rios correm em grande medida do Leste para o Oeste, o clima coreano é definido pela sua situação peninsular, então está aberto aos ventos dos mares. O arquipélago japonês no geral, protege região ao leste de maiores tempestades que poderiam vir do pacífico tanto no arquipélago japonês, aquela parte voltada para o leste, é onde sopra os ventos mais intempéries, mas isso não significa que a Coreia não tenha região de monções, na verdade as monções chegam do norte vindos do leste asiático. O verão geralmente é quente e úmido e o inverno é seco e frio, durante o inverno os ventos vem em predomínio do noroeste e vem da massa continental de alta pressão da vastidão siberiana e é isso que derruba a temperatura e umidade. No verão as monções trazem as chuvas, 70% das precipitações ocorrem em três meses no ano, geralmente de junho a setembro, ocasionais tempestades tufões podem ocorrer mas é suavizado em grande parte pelas ilhas japonesas ao leste, e o clima de monções que vai permitir a Coréia desenvolver o cultivo do arroz desde o século oitavo nessa região de planície. Isso é fundamental, assim como a importância capital do arroz para o florescimento de comunidades do arquipélago japonês.



As chuvas geralmente em Abril e maio Maio marcam o calendário agrícola, dos arrozais, no verão que é quente úmido o arroz cresce e nos meses seguintes, no mês de setembro e outubro o clima seco e frio vai predominar, e aí é imperativa a necessidade de colheita e armazenagem. E depois, no fim do ano o inverno vai predominar em toda a península.




Origens étnicas e linguísticas


Em termos étnicos e linguísticos, os coreanos vão resultar de migrações que vem das regiões da vastidão siberiana, de povos geralmente altaicos, a principal evidência que aponta para essas origens não vem de origens chinesas mas vem de família de língua altaica, assim como os turcomanos compartilham a mesma origem com os mongóis, os russos, machus e japoneses. Vejam que já tem uma raiz linguística completamente diferente dos chineses, outras evidências vão apontar que as origens coreanas, com relação ao que diz os mitos e símbolos, de totens, ursos e tigres e remete a pontos altáicos também dos estados asiáticos, e o culto desses símbolos e mitos vão conjugar com a prática siberiana do xamanismo, de dar a valor simbólico a objetos usados em rituais como a espada é o espelho, isso também está presente nas origens dos contos japoneses. E depois claro, a tem influência chinesa mas isso vai vir em momento posterior a introdução da escrita chinesa, nos primeiros séculos depois de Cristo, e os caracteres chineses eles são preservados inclusive por muito tempo com prestígio, como meio de estudo dos clássicos confucianos e também para os ritos e cosmológicos confucianos e também dos estudos budistas na península coreana. Eventualmente a língua chinesa vai ser adaptada porque apesar da língua escrita, a fala já completamente diferente, em determinado momento no século XV ou o rei Sejong da dinastia Choson no século XV, elabora uma escrita própria que é em torno de um alfabeto chamado o Hangul, e a motivação disso foi justamente permitir que os coreanos pudessem ler e entender obras a chinesas confucianas e budistas. Isso vai se tornar um marco de desenvolvimento de uma identidade, de uma nação coreana, tal é a importância desse invento do Rei Sejong. Mas a língua chinesa e seus caracteres vão permanecer ainda como sinal de prestígio e cultura no meio dos estudiosos da elite coreana, só no século XIX depois de uma ampla campanha de publicação de jornais e livros a serem escritos em Hangul, que as coisas vão começar a se modificar então durante séculos ainda prevalece o prestígio da escrita chinesa. Claro, depois do início do século XX o Hangul e o coreano vão ser banidos pela dominação japonesa, e os japoneses forçam inclusive a estudar a escrita japonesa, a fala japonesa no meio público principalmente.



Depois da guerra da Coréia a escrita coreana ela vai ser valorizada, mas vai sofrer divisão a partir de 1953. O estado coreano vai ter vocábulos e características que vão ser um pouquinho diferentes de acordo com se é no norte ou no sul da Coreia, e tanto é que a Coreia do Norte por exemplo não se referem a sua escrita por Hangul mas sim como Chosongul, e apesar disso as suas diferenças ainda não são tão marcantes, tem obviamente certas diferenças de dialetos mas são comunicáveis e é compreensível entre as duas partes.

O coreano além do continente, além da península, vai permanecer com sua comunidade, então quando eles migram muito para outras regiões, eles trazem consigo essa cultura e isso é até fonte de dinamismo do próprio coreano, isso faz parte da sua característica de se adaptar. Então para encerrar essa primeira postagem, nós vimos a situação geográfica, vimos brevemente como se deu a formação linguística e étnica, e tudo isso então, vai ser o nosso patamar para compreendermos depois o desenvolvimento histórico da próxima postagem, onde veremos então o início dos primórdios da história coreana.


Até lá!


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Toda essa postagem foi baseada no livro "O Deus e o Urso" de Emiliano Unzer



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